Thaís Bandeira: Diretora da Escola Superior de Advocacia

Existem crianças que descobrem cedo a sua vocação profissional. Porém, não há precocidade que se compare a da advogada e atual diretora da Escola Superior de Advocacia (ESA) Professor Orlando Gomes da OAB-BA, Thaís Bandeira. Também advogada, a mãe de Thaís engravidou durante o curso e ao longo das aulas de Direito Penal, do professor Thomas Barcellar, ouvia o mestre dizer que aquela menina seria uma grande penalista. E a profecia se cumpriu. Os meses se passaram, a criança nasceu, cresceu e em 2004, com apenas 22 anos já estava formada em Direito pela Ufba. Hoje, é uma das grandes referências da advocacia penal do nosso estado. Ela, inclusive, dá aula na Federal e na Baiana nesta especialidade. “Desde o quarto semestre que estagio na área penal e nunca fui pra nenhuma outra área. Estive sempre em escritórios da área criminal e nunca pensei em fazer outra coisa desde que comecei a trabalhar”, conta. A paixão por defender causas alheias é compartilhada com o amor pelas salas de aula. Assim, Thaís pide seu tempo entre o escritório próprio, as aulas nas faculdades, os afazeres da ESA, além das atribuições maternas e uma infinidade de coisas que ela se desdobra pra dar conta. “Temos tempo de ser mãe, professora e advogada desde que tenhamos uma organização em relação a isso. O desafio da mulher moderna é gerenciar seu tempo e não negligenciar nenhuma das áreas”, advertiu. Assim como descobriu cedo que seria advogada penalista, a vocação pela docência também não tardou a se apresentar. Ainda na faculdade ela dava aulas de inglês para crianças e adolescentes e durante a graduação já iniciou uma pós. Ao se formar, já tinha uma turma de Prática Jurídica a sua espera na faculdade FTC. Diferente do que muitos previam, a pouca idade e o fato de ser mulher não foram motivos para a turma desrespeitar Thaís Bandeira. Pelo contrário. Mesmo com as aulas aos sábados a sala estava sempre lotada e a pontualidade era britânica. “Os alunos valorizavam demais as aulas. Eu me esforçava ao máximo pra mostrar em sala como seria o dia a dia deles na profissão”, relembra. Chegada à ESANada mais natural que uma profissional com esse perfil chegasse à diretoria da Escola Superior de Advocacia da OAB-BA. Thaís vibra ao contar o quão gratificante vem sendo poder conciliar na ESA as paixões pela advocacia e pela docência, trabalhando em prol de uma formação mais prática e com isso ajudando milhares de advogados, sobretudo aqueles em início de carreira. “A ESA representa o retorno das anuidades para os advogados. A OAB está devolvendo para a classe aquilo que cada profissional investe. Sempre que abrimos um curso converso com o professor e explico que as aulas têm objetivo prático, que não adianta ele ficar repetindo coisas que o aluno viu na graduação porque não é isso que o jovem advogado procura ali.” O ingresso de Thaís na ESA é parte de um movimento maior que ela própria reconhece como um grande salto na advocacia baiana. Movimento este democraticamente conduzido pelo presidente Luiz Viana e que envolve, dentre tantas outras coisas, a valorização da mulher advogada e a abertura da OAB à sociedade. “Temos uma advocacia hoje que combate qualquer violação a prerrogativas. A classe se uniu muito mais e entende quais são os seus direitos enquanto advogados. É uma gestão combativa que não tem medo de atacar alguns pontos do poder público”, destacou. Enquanto mulher advogada, ela valoriza e muito o fato do presidente Luiz Viana deixar claro em suas escolhas que as questões de gênero não são empecilhos para que os profissionais ocupem ou deixem de ocupar cargos na Ordem. “O fato de ter várias mulheres na OAB-BA não é algo forçado. Somos todas pessoas com mérito e Luiz Viana reconhece isso nas mulheres”. Espalhar a mensagemO desejo de Thaís é que a valorização feminina hoje cultivada na OAB-BA siga dando frutos e ultrapasse os muros do prédio da seccional, da Escola Superior de Advocacia e até mesmo as próprias fronteiras do Direito. De modo que esta mensagem chegue com força à sociedade ainda tão machista. “Vencer o preconceito é um trabalho que se faz no do dia a dia. Os ambientes do Direito Penal, por exemplo, ainda são muito masculinizados. A grande maioria dos agentes de uma delegacia são homens, os delegados são homens. Quando vamos nas prisões, os agentes prisionais são homens e a chegada de uma mulher num ambiente desse ainda causa certo melindre”, disse. Apesar deste cenário, Thaís Bandeira comemora as mudanças já estabelecidas pela luta feminina e enxerga dias melhores para as advogadas, sobretudo pelo fato das jovens profissionais de hoje contarem com mais apoio institucional e ferramentas pra vencer o preconceito. “A jovem advogada vai encontrar preconceito por ser jovem, por ser mulher. Mas isso é um desafio na nossa carreira e crescemos cada vez que os superamos. O desafio nos tira do lugar-comum e essa é a grande sacada da advocacia: se reinventar para driblar as dificuldades”. Mulheres da OAB-BAEm reconhecimento à participação feminina nos trabalhos da OAB-BA, a seccional deu início a uma série de reportagens especiais contando um pouco da trajetória de vida de algumas dessas mulheres que integram a Diretoria Executiva, o Conselho Seccional, CAAB, Escola Superior de Advocacia e as persas Comissões da Ordem. A cada semana, será publicado um perfil contando a história e a trajetória profissional dessas advogadas que têm se dedicado à luta em defesa do Direito, algo indispensável para a expansão da Justiça na sociedade. Leia os textos já publicadosAna Patrícia Dantas Leão: primeira vice-presidente da história da OAB-BADaniela de Andrade Borges: A Diretora TesoureiraIlana Campos: A Conselheira FederalDora Marcia Zalcbergas: A Presidente da Comissão do IdosoLia Barroso: Presidente da Comissão de Proteção aos Direitos da MulherAndrea Marques: Presidente da Comissão da Mulher Advogada
19/04/2018 (00:00)
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